ZEISS CIRRUS OCT

Cuidados colaborativos no tratamento da AMD e atrofia geográfica

27 julho 2023 · 5 MIN LEITURA

Cuidados colaborativos no tratamento da AMD e atrofia geográfica

Como ocorre com muitas doenças crónicas, a incidência da degeneração macular relacionada com a idade (AMD) deverá aumentar devido ao envelhecimento da população. Prevê-se que existirão 288 milhões de pacientes com AMD em 2040.1 Os prestadores de cuidados em oftalmologia e instituições de saúde terão de se preparar para o impacto destes pacientes com AMD, continuando empenhados em prestar cuidados de alta qualidade num cenário de tratamento em constante evolução. Os optometristas e oftalmologistas trabalharão em conjunto, utilizando uma linguagem e dados de imagem comuns para alcançar o objetivo comum de prestar cuidados que salvem a visão. O OCT ZEISS CIRRUS, com a sua Advanced RPE Analysis e o AngioPlex®, pode ser a base utilizada pelos optometristas e oftalmologistas para detetar e monitorizar todas as formas de AMD.

 

Classificação da AMD e linguagem comum

Como resumido na tabela 1, existem dois sistemas de classificação da AMD que têm sido frequentemente utilizados nos cuidados clínicos. O sistema clássico AREDS e os novos critérios do Beckman Committee são sistemas de classificação semelhantes, mas não intercambiáveis, que ajudam os profissionais de saúde ocular a identificar adequadamente a fase da doença dos pacientes com AMD. É importante que o optometrista e o oftalmologista utilizem o mesmo sistema de classificação para garantir uma prestação de cuidados colaborativa exata e adequada.

Fase da AMD

Critérios do Beckman Committee*

Critérios do AREDS

Sem alterações aparentes devidas ao envelhecimento

Sem drusas e sem anomalias de pigmentação

-

Alterações devidas ao envelhecimento normais

-

-

Sem AMD

Apenas pequenas drusas

Sem drusas ou algumas pequenas drusas

AMD inicial

Apenas drusas de tamanho médio

Várias drusas pequenas, algumas drusas de tamanho médio e/ou anomalias ligeiras do RPE

AMD intermédia

Drusas grandes e/ou anomalias de pigmentação

Numerosas drusas de tamanho médio, peno menos uma drusa grande e/ou atrofia geográfica sem envolvimento central

AMD tardia/avançada

AMD neovascular e/ou atrofia geográfica

Atrofia geográfica com envolvimento central, MNV ou sinais atuais/prévios de MNV

*Todas as alterações têm de estar dentro de 2 diâmetros de disco da fóvea
Drusas: inclui drusas de qualquer tipo e depósitos drusenoides subretinianos; Anomalias de pigmentação: qualquer hiper ou hipopigmentação associada a drusas de tamanho médio ou grande; RE: epitélio pigmentar da retina; MNV: neovascularização macular

A Advanced RPE Analysis, disponível no OCT ZEISS CIRRUS, foi especificamente criada para ajudar os médicos a tratar a AMD não neovascular e pode ser utilizada em AMD inicial, intermédia e tardia. O mapa de elevação de RPE pode medir o nível de drusas e o Sub-RPE Slab pode detetar e quantificar as áreas de atrofia geográfica (AG). Conforme a AMD vai progredindo de inicial para intermédia e tardia, a Advanced RPE Analysis pode ser utilizada para quantificar objetivamente a progressão das drusas e da AG. Uma classificação adequada da AMD e uma deteção da AMD objetiva baseada em OCT pode ajudar a facilitar a relação de cotratamento entre a optometria e a oftalmologia, permitindo que todos os profissionais de saúde atuem o mais amplamente possível no âmbito da respetiva intervenção.
Com o surgimento do tratamento da AG, o cotratamento da AMD precisará de se expandir muito para garantir que os pacientes com AG são identificados numa fase inicial, reencaminhados para um especialista da retina, e que o tratamento seja começado quando for adequado. O Classification of Atrophy Meeting antecipou a importância da identificação correta da fase da AG e criou novas definições para a AG. Resumida na Tabela 2, «AG» é considerado um termo clínico, sendo «atrofia completa do RPE e retina exterior (cRORA)» utilizado como a definição de preferência de AG com base em OCT. Tal como com a classificação da AMD, será importante que os optometristas e oftalmologistas utilizem a nomenclatura mais recente para criar padrões de encaminhamento e protocolos de tratamento adequados.

Característica de AMD

Descrição

Atrofia geográfica

Termo clínico utilizado para designar áreas de atrofia da retina e RE sem a presença atual ou prévia de CNV

iRORA

Degeneração da retina externa/fotorrecetores com alinhamento vertical, atenuação ou disrupção do RE e aumento da transmissão de sinal na coroide
Não pode ser qualificado como cRORA

cRORA

Zona com alinhamento vertical de hipertransmissão de ≥ 250 µm, zona de atenuação ou disrupção da banda do RPE de ≥ 250 Mm e evidência de degeneração dos fotorrecetores sobrepostos cujas características incluem redução da espessura da ONL, perda da ELM e perda da EZ ou IZ
Tem de excluir enrolamento do RPE e outros sinais de rasgo do RPE

RPE: epitélio pigmentar da retina; iRORA: atrofia incompleta do RPE e da retina; cRORA: atrofia completa do RPE e da retina; ONL: camada nuclear externa; ELM: membrana limitante externa; EZ: zona elipsoide; IZ: zona de interdigitação; CNV: neovascularização coroidal

O percurso do paciente com AMD

Durante muitos anos, o percurso do paciente com AMD era bastante binário. Os optometristas e os oftalmologistas gerais monitorizavam os pacientes com AMD e encaminhavam os mesmos para um especialista em retina quando era necessário tratamento antiVEGF. Na era do tratamento da AG, o percurso do paciente com AMD será agora mais variável e fazer um diagnóstico exato será cada vez mais importante. Continuamos a ter muitas questões sobre quando e quem precisa de tratamento para a AG. Conforme vão sendo criados modelos de encaminhamento a nível local e nacional, os optometristas, os oftalmologistas gerais e os especialistas da retina serão provavelmente inundados de pacientes com AMD. O modelo de cuidados colaborativos de oftalmologia entre os optometristas, oftalmologistas e especialistas da retina será cada vez mais importante para garantir que os pacientes certos recebem o tratamento adequado.

Esta relação colaborativa em oftalmologia irá provavelmente exigir uma maior partilha da prestação de cuidados do que as relações de cotratamento da AMD anterior. A utilização de definições com base em OCT estabelecida pelo Classification of Atrophy Meeting e as análises baseadas em OCT, como a Advanced RPE Analysis, irão garantir transições perfeitas entre o optometrista e o especialista da retina. Inicialmente, os pacientes com AG terão de realizar oftalmoscopia e depois fazer a confirmação com OCT. Será importante utilizar os critérios padronizados de OCT de cRORA e iRORA para determinar a necessidade de encaminhamento para um especialista da retina. O Sub-RPE Slab pode ser utilizado para detetar critérios pré-determinados para encaminhamento da AG, conforme acordado pelo optometrista ou oftalmologista e pelo especialista da retina. Estes critérios pré-determinados podem incluir a distância da AG a partir da fóvea, a área geral de AG ou o nível de progressão da AG; todas as quais podem ser calculadas objetiva e automaticamente utilizando o Advanced RPE Analysis.

Quando um candidato a tratamento de AG é identificado, o paciente pode ser encaminhado para um especialista da retina para análise da possibilidade de tratamento. Se for iniciado tratamento, a Advanced RPE Analysis pode ser utilizada para monitorizar o efeito do tratamento utilizando o relatório de análise de progressão. Uma vez que os pacientes a realizar tratamento da AG com inibição do complemento têm maior risco de desenvolver AMD neovascular, será necessária a monitorização atenta e o rastreio de AMD neovascular. Os sistemas de angiografia por OCT (OCTA) como o ZEISS CIRRUS AngioPlex® irão ser mais importantes, uma vez que a OCTA pode fazer o rastreio não invasivo da AMD neovascular. Com a OCTA, os médicos irão idealmente poder detetar AMD neovascular na sua forma não exsudativa antes que ocorra uma perda significativa da visão.

A gestão da clínica e o modelo de cuidados colaborativos

A área da cirurgia da catarata e da cirurgia refrativa tem demonstrado como os cuidados colaborativos entre a optometria e a oftalmologia podem ser algo positivo para todos, numa relação em que todos - os optometristas, os oftalmologistas e os pacientes - ficam a ganhar. Os optometristas podem tratar os pacientes com AMD de forma geral, sem utilizar injetáveis. Simultaneamente, os especialistas da retina podem libertar as agendas, encaminhando os pacientes com AMD que não precisam de injeções para o optometrista. Este paradigma de cotratamento da retina permitiria aos especialistas da retina prestar cuidados verdadeiramente terciários nos tratamentos da retina. Ao mesmo tempo, os pacientes têm cuidados personalizados excelentes de alta qualidade para a AMD, prestados por dois profissionais em colaboração. O OCT ZEISS CIRRUS ajuda a facilitar esta relação colaborativa ideal proporcionando imagens objetivas e reprodutíveis da AMD seca com a Advanced RPE Analysis e a deteção de neovascularização com o AngioPlex®. Esta abordagem de alta tecnologia pode ajudar a garantir que são feitos os encaminhamentos adequados, reduzindo a necessidade de os pacientes andarem de clínica em clínica para receber cuidados para a AMD não tratável. A colaboração será especialmente útil em áreas rurais, em que os pacientes podem ter de se deslocar durante horas para ir a uma consulta com um especialista da retina.

A onda crescente de pacientes com AMD vai chegar, esteja o sistema de saúde pronto ou não. Enquanto optometristas e oftalmologistas, é nosso dever prestar os cuidados necessários a estes pacientes. A única forma de o fazer será incorporar as últimas novidades da medicina baseada em evidências, da tecnologia e dos modelos de cuidados colaborativos para prestar cuidados de alta qualidade de forma eficiente. Espero que consigamos responder às necessidades dos nossos pacientes e do sistema de saúde, em última instância salvando a visão de milhões de pessoas.


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    Wong, Wan Ling, et al. «Global prevalence of age-related macular degeneration and disease burden projection for 2020 and 2040: a systematic review and meta-analysis.» The Lancet Global Health 2.2 (2014): e106-e116